Quem tem diabetes pode comer banana?
- Dra. Maithê

- 10 de nov.
- 6 min de leitura
Atualizado: 11 de nov.
A resposta é sim, desde que que você compreenda um conceito chave

Muitas pessoas com diabetes — ou em risco de desenvolver a doença — ficam em dúvida sobre quais frutas podem ou não comer. A banana, por ser naturalmente doce e muito popular no Brasil, costuma liderar essa lista de incertezas.
Mas será que quem tem diabetes pode comer banana? A resposta é sim, desde que se compreenda um conceito-chave: a diferença entre índice glicêmico e carga glicêmica, e como o corpo responde aos alimentos dentro do contexto da refeição.
Ao dominar esse conceito, fica mais fácil entender como incluir a banana — e outras frutas — na alimentação de forma segura e equilibrada.
O que realmente influencia a glicemia
O índice glicêmico (IG) mostra a velocidade com que um alimento eleva a glicose no sangue, mas não leva em conta a quantidade de carboidratos consumida.
Já a carga glicêmica (CG) representa o impacto real de um alimento sobre a glicemia, pois considera tanto o IG quanto a quantidade de carboidratos em uma porção típica.
Por exemplo:
A melancia tem IG alto (72), mas contém pouco carboidrato por porção — por isso, sua carga glicêmica é baixa (5) e não costuma causar picos de glicose.
Já a banana-da-terra, com IG moderado (55) e mais carboidratos, apresenta carga glicêmica entre média e alta.
👉 Assim, para o controle do diabetes, a carga glicêmica é um indicador mais relevante que o índice glicêmico isolado!
Carga Glicêmica (CG) | Faixa | Impacto sobre a glicose |
Baixa | ≤ 10 | Pequeno — tende a não elevar significativamente a glicemia. |
Média | 11 – 19 | Moderado — elevação controlável, conforme porção e combinação alimentar |
Alta | ≥ 20 | Elevado — pode causar picos rápidos de glicose no sangue. |
💡 Dica prática:
Prefira alimentos de baixa carga glicêmica no dia a dia.
Os de carga média podem ser incluídos com equilíbrio.
Os de carga alta devem ser consumidos em pequenas quantidades ou combinados com fibras e proteínas, que reduzem o impacto glicêmico da refeição - tal como vamos ver em seguida, nos casos da banana e outros alimentos!
A verdade: quem tem diabetes pode comer banana?
A banana é rica em potássio, magnésio, vitaminas do complexo B e fibras solúveis.
Quem tem diabetes e gosta da fruta pode incluí-la na alimentação, desde que saiba interpretar o tipo de banana, o ponto de maturação e a combinação com outros alimentos.
Diferença entre tipos e maturação
De acordo com a tabela abaixo, as variedades prata e maçã apresentam menor impacto glicêmico e podem ser consumidas com mais liberdade, enquanto a banana-da-terra e a banana muito madura exigem atenção, pois a carga glicêmica é mais alta.
A banana verde, por outro lado, é rica em amido resistente — um tipo de carboidrato que não é totalmente digerido no intestino delgado, o que retarda a liberação de glicose no sangue e contribui para o controle da glicemia.
Tipo de Banana | IG | CG (100g) | Observação |
Banana prata | 51 | 11 | Opção equilibrada, boa para lanches |
Banana maçã | 45 | 10 | Levemente mais doce, mas com CG baixa |
Banana nanica | 52 | 12 | Um pouco mais calórica e doce |
Banana-da-terra | 55 | 18 | Alta carga glicêmica, seja frita ou cozida |
Banana verde | 40 | 6 | Rica em amido resistente. Ajuda a controlar a glicemia |
Combinações inteligentes com banana
Combinar banana com alimentos ricos em fibras, proteínas ou gorduras boas ajuda a reduzir a absorção de glicose e prolonga a saciedade:
Fibras: aveia, chia, linhaça, granola sem açúcar, farelo de trigo
Proteínas: iogurte natural, leite, ovos, queijos magros, cottage
Gorduras boas: pasta de amendoim integral, abacate, castanhas, azeite de oliva
Exemplos de combinações:
Banana com aveia e iogurte natural
Banana com pasta de amendoim integral
Banana amassada com chia ou linhaça
Essas combinações são excelentes para o café da manhã ou lanche pré-treino, mesmo para quem tem resistência à insulina, pois equilibram a liberação de glicose no sangue e aumentam a sensação de saciedade.
Como outras frutas impactam a glicemia
Ao observar outras frutas populares, percebemos que algumas possuem baixa carga glicêmica, permitindo consumo diário, enquanto outras devem ser ingeridas com moderação.
Na tabela abaixo, você pode ver quais frutas podem ser consumidas com mais liberdade (como maçã e morango) e quais merecem atenção (como uva e manga), especialmente em grandes quantidades.
Fruta | Porção (g) | Carboidratos (g) | IG | CG | Classificação |
Maçã | 100 g | 14 | 38 | 5 | Baixa |
Mamão | 100 g | 10 | 56 | 6 | Baixa |
Uva | 100 g | 17 | 59 | 10 | Média |
Manga | 100 g | 15 | 51 | 8 | Média |
Melancia | 100 g | 5 | 72 | 5 | Baixa |
Abacate | 100 g | 9 | 10 | 1 | Muito baixa |
Morango | 100 g | 8 | 40 | 3 | Muito baixa |
Abacaxi | 100 g | 12 | 59 | 7 | Média |
Como interpretar os dados e aplicar na prática
Frutas de baixa carga glicêmica (como maçã, morango e pera) podem ser consumidas diariamente, sozinhas ou combinadas com pequenas porções de proteínas ou gorduras boas.
Exemplos:
Maçã fatiada com iogurte natural
Morangos com cottage ou castanhas
Frutas de carga média (banana, manga, uva, abacaxi) devem ser consumidas de forma que evite picos de glicose:
Reduza a porção: por exemplo, metade de uma banana ou 100 g de manga
Combine com proteínas, fibras ou gorduras boas:
Banana amassada com aveia e pasta de amendoim
Uvas com queijo branco ou iogurte natural
Manga em cubos com chia ou linhaça
Essas estratégias ajudam a controlar a glicemia, aumentar a saciedade e permitir que as frutas façam parte da alimentação de quem tem diabetes ou pré-diabetes.
(Fontes: Universidade de Sydney — GI Database; NIH, 2023)
Fruta inteira ou em suco ou vitamina?
Sempre que possível, prefira consumir a fruta inteira.
Caso opte por suco ou vitamina, controle a porção e evite misturar muitas frutas doces, pois a forma de consumo influencia diretamente o efeito sobre a glicose.
Consumo da fruta inteira:
Mantém fibras e amido resistente, reduzindo a absorção rápida de açúcar.
Proporciona maior saciedade, ajudando no controle do apetite.
Consumo na forma de suco ou vitamina:
Ao bater ou liquidificar a fruta, parte das fibras se perde.
O açúcar é absorvido mais rapidamente, aumentando o impacto glicêmico.
💡 Dica: frutas doces são melhor toleradas pela manhã ou antes do exercício físico.
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Dra. Maithê fala sobre diabetes no programa Melhor da Tarde, na Band
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Outras frutas que o diabético pode comer

Leve sempre em conta:
CG baixa (≤10) → impacto pequeno
CG média (11–19) → impacto moderado
CG alta (≥20) → impacto elevado
1. Quem tem diabetes pode comer salada de frutas?
Sim, desde que seja preparada com frutas de baixa ou média carga glicêmica e sem adição de açúcar, mel ou leite condensado. A combinação de frutas como maçã, morango, mamão, melão, kiwi e laranja forma uma salada saborosa e com impacto glicêmico controlado.
2. Quem tem diabetes pode comer abacaxi?
Sim, mas em pequenas porções. O abacaxi tem carga glicêmica média (CG ≈ 7 a 10 por fatia), devendo ser consumido com moderação e preferencialmente junto a proteínas ou fibras.
3. Quem tem diabetes pode comer jabuticaba?
Pode, com moderação. A jabuticaba tem carga glicêmica baixa (CG ≈ 3 a 4 por 10 unidades) e é rica em antioxidantes, sendo uma boa opção entre as frutas nativas.
4. Quem tem diabetes pode comer tangerina?
Sim. A tangerina apresenta carga glicêmica baixa (CG ≈ 4 por unidade média) e fornece fibras e vitamina C, ajudando na estabilidade da glicose.
5. Quem tem diabetes pode comer kiwi?
Sim. O kiwi tem carga glicêmica baixa (CG ≈ 3 a 4 por unidade) e é rico em fibras solúveis, que retardam a absorção de açúcares.
6. Quem tem diabetes pode comer graviola?
Com moderação. A graviola tem carga glicêmica média (CG ≈ 9 por 100 g) e deve ser ingerida em pequenas porções para evitar elevações rápidas da glicose.
7. Quem tem diabetes pode comer uva passa?
Sim, mas com cautela. A uva passa possui carga glicêmica alta (CG ≈ 28 por 40 g), pois o açúcar se concentra durante a desidratação — o ideal é substituí-la por frutas frescas.
Dra. Maithê

Dra. Maithê P. Tomachio é especialista em Clínica Médica e reconhecida por sua atuação em congressos e programas de televisão, onde compartilha novidades sobre endocrinologia e nutrição. Com mais de 20 anos de experiência e mais de 10 mil pacientes atendidos, dedica-se a promover saúde e bem-estar por meio da informação de qualidade
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Referências
University of Sydney – Glycemic Index Database. Disponível em: https://glycemicindex.com
National Institutes of Health (NIH). Food and Nutrition Research Updates, 2023.
Harvard T.H. Chan School of Public Health. “Carbohydrates and Blood Sugar.”
American Diabetes Association (ADA). Standards of Care in Diabetes, 2024.
Academy of Nutrition and Dietetics. “Understanding Glycemic Index and Glycemic Load.”



